Estado de Israel: uma sociedade à beira da explosão

Lia-se no Times of Israel (de 10 de Fevereiro) a propósito da manifestação, em Telavive, das famílias dos israelitas detidos em Gaza: “Milhares de pessoas gritam “Vergonha!”, apoiando o orador, irmão de um refém, que acaba de criticar o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, acusando-o de conduzir uma “campanha de medo” para impedir o regresso dos reféns. “Netanyahu (…) quer assustar-nos, dizendo-nos que haverá um massacre se aceitarmos os termos do acordo [com o Hamas, para troca de prisioneiros]”, declarou Danny Elgarat, cujo irmão, Itzik Elgarat, foi raptado a 7 de Outubro no Kibutz Nir Oz. A multidão continuou a gritar “Vergonha” durante cerca de um minuto.

Por seu lado, Rami Elhanan, cuja filha morreu num atentado em 1997, declarava, a 8 de Fevereiro, que “a linha divisória não é entre árabes e israelitas ou entre judeus e muçulmanos“, denunciando “o grupo corrupto de políticos e generais (israelitas) que nos dirigem e se comportam como um bando de chefes mafiosos, de criminosos de guerra que jogam pingue-pongue e jogos de sangue entre eles, semeiam ódio e colhem a morte, tentando tirar a possibilidade de se manifestar a quem quer que saia da linha“.

No outro pólo da sociedade israelita, a 8 de Fevereiro, vários milhares de manifestantes exigiram, em Telavive, guerra “até ao fim” contra o povo palestiniano, sem tréguas nem acordos de troca de prisioneiros com o Hamas. “São eles ou nós“, “só a transferência (da população palestiniana para fora de Gaza) pode trazer a paz“, proclamavam as faixas. Entretanto, no ponto de passagem entre a Faixa de Gaza e Israel, várias dezenas de sionistas extremistas impediram fisicamente a passagem dos poucos camiões que transportavam ajuda humanitária. “Enquanto essa gente estiver de boa saúde e tiver de comer e beber, estarão em condições de lutar“, rosnou um dos manifestantes para a France Info (2 de Fevereiro). Entre os que querem o esmagamento total de Gaza e os que exigem um acordo com o Hamas, a sociedade israelita está à beira da explosão.

Traduzido e adaptado de Jean Alain, La Tribune des travailleurs, nº427