“Porque é que Israel caminha para a autodestruição”

Aluf Benn, chefe de redação do diário israelita Haaretz, publicou um longo artigo na imprensa americana (Foreign Affairs, 7 de Fevereiro) intitulado “Porque é que Israel caminha para a autodestruição“.

Cita o falecido general israelita Moshe Dayan, que disse sobre os palestinianos em 1956: “Há oito anos que estão nos campos de refugiados de Gaza e, perante os seus olhos, apropriámo-nos das terras e das aldeias onde eles e os seus pais viviam”. Aluf Benn comenta: “Dayan referia-se à Nakba, quando a maioria dos árabes palestinianos foi forçada ao exílio após a vitória de Israel (…). Muitos deles foram deslocados à força para Gaza (…). Dayan não era de modo algum um apoiante da causa palestiniana. (…) No entanto, Dayan compreendeu o que muitos judeus israelitas se recusam a aceitar: os palestinianos nunca esquecerão a Nakba e nunca deixarão de sonhar com o regresso às suas casas. (…) Em 7 de outubro de 2023, o velho aviso de Dayan tornou-se realidade da forma mais sangrenta possível.” Acrescenta: “Os palestinianos mantiveram a sua causa viva. Nas imagens captadas pelo Hamas a 7 de Outubro com câmaras de vigilância, ouvem-se os invasores gritar ‘Esta é a nossa terra’ enquanto atravessam a fronteira para atacar um kibutz“. Uma causa que, segundo Aluf Benn, entra em conflito com a lógica de expansão permanente do sionismo: “O trauma de 7 de Outubro obrigou os israelitas, mais uma vez, a compreenderem que o conflito com os palestinianos (…) não pode ser negligenciado nem contornado, e que a continuação da ocupação, a expansão dos colonatos israelitas na Cisjordânia, o cerco de Gaza e a recusa de qualquer compromisso territorial (ou mesmo de reconhecer os direitos dos palestinianos) não trarão ao país uma segurança duradoura“. Uma contradição que leva este defensor da ilusória “solução dos dois Estados” a questionar-se sobre a “autodestruição” na qual os dirigentes israelitas se envolveram.