Tensões, divisões… e pontos de acordo na cimeira do G20

Criado em 1999, o “Grupo dos 20” reúne os governos dos dezanove países mais poderosos do mundo* e a União Europeia. De acordo com a imprensa internacional, a cimeira do G20, que reuniu os ministros dos Negócios Estrangeiros destes países no Rio de Janeiro (Brasil), a 18 e 19 de Fevereiro, foi uma ocasião de “tensão” e de “divisões” acentuadas entre as grandes potências: os Estados Unidos, os principais Estados-Membros da UE, a Rússia e a China.

A propósito do genocídio em Gaza e da guerra na Ucrânia, as divergências entre as grandes potências estiveram à vista de todos. O G20 começou com protestos indignados dos representantes dos Estados Unidos sobre as declarações do Presidente brasileiro Lula, que classificou os crimes de Israel como “genocídio“. Um “exagero retórico“, segundo o Secretário de Estado norte-americano. No dia seguinte à cimeira do G20, foi a vez de Biden se entregar a esse exagero, descrevendo publicamente Putin como… “um filho da mãe“. Por tudo isto, os países imperialistas ocidentais, que estão a armar a Ucrânia, não obtiveram a condenação da Rússia que exigiam do G20, mas por detrás das tensões e confrontos muito reais entre as grandes potências, há também pontos de acordo entre elas.

Assim, é evidente que, para além das aparências, os representantes de Biden e da União Europeia e os de Putin estão de acordo num ponto: prolongar a guerra na Ucrânia é uma excelente forma de militarizar as respetivas economias.

Quanto ao destino do povo palestiniano, o chefe da diplomacia da União Europeia, Borrell, saudou o “consenso” do G20 a favor da chamada “solução dos dois Estados“. Um consenso entre as grandes potências que dura desde 1947 e que, sob a capa de “dois Estados” ou não, continua a querer impor a partilha da Palestina, fonte de todos os dramas actuais.

* Alemanha, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Rússia, Arábia Saudita, África do Sul, Turquia e Reino Unido.