Estados Unidos – Dois candidatos, uma classe social

A oito meses das eleições presidenciais, os eleitores americanos são chamados a escolher os candidatos presidenciais nas “primárias” dos partidos democrático e republicano.

Biden, o actual presidente, é o favorito do lado democrata.

Entre os republicanos, Trump tem a corrida praticamente ganha, tendo esmagado a única rival sobrante, Nikki Haley, sua antiga embaixadora na ONU, que ontem, 6 de Março, desistiu da corrida.

O bilionário Trump, condenado numa série de casos escabrosos, será, pois, com toda a probabilidade, o adversário de Biden nas eleições. Recorde-se que a candidatura de Trump ainda está teoricamente ameaçada, estando ele acusado, desde Agosto de 2023, de “conspiração contra os Estados Unidos” por, em 6 de Janeiro de 2021, ter apelado aos seus apoiantes para atacarem o Capitólio (a sede do Parlamento) para tentar reverter a vitória de Biden.

Com um discurso populista ao extremo, racista, xenófobo e nacionalista, Trump promete que, se for reeleito, se vingará dos seus adversários, tanto democratas como republicanos. O seu alvo preferido são os trabalhadores imigrantes que, como já chegou a dizer, “contaminam o sangue do nosso país“. Se for eleito, promete “a maior operação nacional de deportação” (recorde-se que o recorde nesta matéria é actualmente detido pelo democrata Obama ⎼ para quem ache que tal política é exclusivo republicano ou “trumpiano”).

Trump diz que não quer continuar a financiar a NATO nem a guerra na Ucrânia, se os imperialismos europeus não puserem muitos mais milhares de milhões. Fala em nome de uma política “America First” (primeiro, a América). Já Biden quer desbloquear imediatamente mais 61 mil milhões para a guerra na Ucrânia e mais 14 mil milhões para Israel… fundos, para já, bloqueados no poker parlamentar com os republicanos.

Embora não tenha adversários sérios nas primárias democratas, Biden está a pagar o preço do seu apoio ao genocídio israelita. No estado do Michigan (onde vivem muitos americanos originários do Médio Oriente), quase 50.000 eleitores democratas votaram em branco, recusando-se a apoiá-lo: um número sem precedentes.

Todas as semanas, milhares de americanos que se declaram de origem judaica manifestam-se em solidariedade com o povo palestiniano. A 26 de Fevereiro, em Nova Iorque, cinquenta deles foram detidos no Rockefeller Center, empunhando uma faixa com a frase: “Judeus dizem a Biden: parem de armar o genocídio!

Esta rejeição crescente de Biden não impediu, contudo, as direcções nacionais da maioria dos sindicatos de darem o seu apoio ⎼ político e financeiro ⎼ a “Genocide Joe” (o Zé Genocida) – , vendendo-o aos trabalhadores como “mal menor”, quando são essas mesmas direcções que se recusam a lançar candidatos trabalhistas e a fundar um partido trabalhista que rompa com o Partido Democrático.

Embora estilos e programas possam ser diferentes ⎼ por exemplo, no que diz respeito às relações com a Europa ⎼ , a verdade é que tanto Trump como Biden representam a classe capitalista americana em crise.

Ambos são, portanto, inimigos dos trabalhadores, nos Estados Unidos e no mundo.