O Parlamento Europeu vota mais 50 mil milhões de euros para a guerra!

Quando Macron evoca a possibilidade de tropas francesas intervirem na Ucrânia, não é por capricho. Sectores significativos da classe capitalista vêem a guerra como uma necessidade, para salvar a economia. O editorialista do Les Echos, Jean-Marc Vittori, escreve: “Os combates que se desenrolam na Ucrânia há mais de dois anos estão a esgotar recursos. Milhares de vidas perdidas, cidades inteiras destruídas, centenas de milhares de milhões de euros perdidos, tanques e aviões destruídos, milhares de toneladas de pólvora consumidas (…) É preciso produzir rapidamente e em massa“, nomeadamente “aviões, tanques, canhões e munições“. Para isso, “o investimento continua a ser indispensável (…), não há rearmamento militar sem rearmamento industrial“.

No Le Monde, o antigo economista-chefe do Fundo Monetário Internacional, Olivier Blanchard, levanta a questão dos défices públicos, alimentados, diz ele, de três fontes: “a que está ligada às despesas tradicionais (subsídios de desemprego, pensões, pagamento dos funcionários públicos, etc.); a que está ligada à defesa contra a Rússia e à luta contra o aquecimento global; e, finalmente, a que está ligada ao apoio à actividade económica em caso de abrandamento”. A sua proposta: “É evidente que o plano deve ser reduzir as primeiras, aumentar as despesas com a defesa (…) A guerra pode ser uma guerra fria, mas é uma guerra, contra a Rússia (…)“. Salientando que “a despesa militar da Rússia é de cerca de 6% do PIB por ano” e que a da França “é de menos de 2%“, Blanchard conclui: “Vamos ter de fazer mais.

O cenário está montado. Toda a actividade económica há-de ser reestruturada em torno da guerra. Esta, motor artificial da economia, é uma dádiva para a classe capitalista. Vive do financiamento “obrigatório” do Estado, que não hesitará (é a guerra!) em cortar nas despesas “improdutivas”, isto é, as que não destroem vidas, mas as preservam: segurança social, hospitais, escolas e serviços públicos.

A “esquerda” diz-se ofendida com as palavras de Macron. Porém, palavras são palavras, actos são actos. Os eurodeputados “socialistas” e “insubmissos” votaram, na semana passada, no Parlamento Europeu, a favor de um crédito adicional de 50 mil milhões de euros à Ucrânia para munições e armas.

A alternativa é clara: ou uma economia de guerra que sacrifica os povos e as conquistas sociais, ou uma economia de paz ao serviço da maioria. Ou um governo capitalista de guerra e morte, ou um governo dos trabalhadores e da democracia que rompa com a NATO e trabalhe pela paz entre os povos.

Daqui decorre uma exigência imediata: nem um tostão, nem uma arma para a guerra na Ucrânia, nem um tostão, nem uma arma para o governo de Netanyahu, genocida do povo palestiniano!

Traduzido e adaptado de Daniel Gluckstein, editorial de La Tribune des travailleurs, nº430