“Hoje, em Gaza, pode-se claramente falar em fome“, afirmou Jean-Pierre Delomier, director-adjunto de operações da Handicap International (RFI, 25 de Março), quando “bombardeamentos [prosseguem,] incessantes“. De regresso de Rafah – no Sul da Faixa de Gaza, onde se amontoam 1,4 milhões de refugiados expulsos pelo exército israelita – Jean-Pierre Delomier conta como “cinco ou sete quilómetros antes de entrar na Faixa de Gaza, deparei com filas de camiões. É preciso lembrar que um camião corresponde a 20 toneladas de mercadorias em espera e que 100 metros correspondem a cinco camiões. Portanto, são 100 toneladas.” Só que o exército israelita bloqueia há meses a entrada destes milhares de toneladas de produtos alimentares transportados por camião em Gaza. Em Gaza, acrescenta, “cada dia é uma jornada a tentar encontrar comida para si e para a família“.
Testemunhos confirmados por outras instituições. O director da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA), que Israel acaba de proibir de enviar ajuda alimentar ao Norte da Faixa de Gaza, denunciou que “isto faz com que o bloqueio da ajuda vital, durante uma fome provocada, seja intencional.”
Mesmo para a União Europeia e o chefe da sua diplomacia, Borrell, “Israel está a provocar a fome“, usada “como arma de guerra“. Críticas que não impedem a União Europeia de manter todos os seus acordos de associação com Israel (diplomáticos, económicos e militares).
Enquanto são declaradas mortas de fome e desidratação as primeiras crianças e bebés, o exército israelita prossegue a sua ofensiva contra os hospitais: Al Shifa, na cidade de Gaza, al-Amal e Nasser, em Khan Younis. Raed al-Nems, porta-voz do Crescente Vermelho Palestiniano em Gaza, recorda que “os 36 hospitais de Gaza foram todos brutalmente atacados desde 7 de Outubro” (L’Orient-Le Jour, 22 de Março). Até quando os “grandes deste mundo“, os Bidens, Macrons, Sunaks, Scholz e outros que tais continuarão a ser cúmplices do genocídio?