Após seis meses de genocídio em Gaza, o exército israelita retirou‐se de Khan Yunis, reduzida a cinzas.
“As nossas forças preparam‐se para prosseguir as suas missões (…) na zona de Rafah“, afirmam Netanyahu e o seu ministro da Defesa, que se preparam para atacar a cidade onde se refugiaram 1,5 milhões de palestinianos esfomeados.
No dia seguinte ao ataque israelita de 1 de Abril, que assassinou sete “trabalhadores humanitários” da ONG World Central Kitchen, o Governo israelita anunciou que iria autorizar a entrada de 350 camiões de ajuda humanitária em Gaza. A título de comparação, antes de 7 de Outubro de 2023, a população de Gaza mal conseguia sobreviver com 500 camiões de alimentos por dia.
350 camiões não vão mudar nada numa situação em que, como salienta o meio de comunicação americano Mondoweiss (5 de Abril): “Cerca de 2 milhões de palestinianos enfrentam, na Faixa de Gaza, uma grave escassez de alimentos e de material médico, devida ao bloqueio total imposto por Israel desde 7 de Outubro. Relatos de testemunhas e da comunicação social, testemunham como milhares de famílias estão reduzidas a alimentar-se de erva e rações para animais. A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou (4 de Abril) que quinze crianças por dia têm o diagnóstico de sub-nutrição”.
Se os governos ocidentais, que são os principais apoiantes do Estado de Israel, se indignaram muito mais com o assassínio de 7 “trabalhadores humanitários” do que com a morte de 33.000 palestinianos pelos bombardeamentos israelitas), foi porque “segundo a imprensa americana, três das vítimas eram britânicos”, como sublinhou o canal israelita I24News (Abril, 8). Daí o invulgar “sincero pedido de desculpas” do Presidente israelita Herzog.
O assassinato de três dos seus agentes por Israel colocou o governo britânico numa posição delicada. Alguns dias antes, cento e trinta deputados, entre os quais figuras do Partido Trabalhista, tinham‐se dirigido ao primeiro‐ministro, pedindo a suspensão do envio de armas a Israel. O governo alemão, o segundo maior fornecedor de armas ao Estado sionista, depois dos Estados Unidos, foi citado para comparecer perante o Tribunal Internacional de Justiça a pedido da Nicarágua, que o intimou a “suspender imediatamente a ajuda a Israel”. O governo Macron foi, por sua vez, criticado pela revista de investigação Disclose por, contradizendo as declarações oficiais, enviar armas a Israel. Ainda mais significativo, nos Estados Unidos, cerca de 30 membros democratas da Câmara, incluindo Nancy Pelosi, acabam de assinar uma carta a Biden, afirmando ser “injustificável aprovar transferências de armas” para Israel depois do ataque de 1 de Abril.
Ora, há semanas que ouvimos belos discursos dos mais altos níveis do governo, mas as entregas de armas continuam, e o genocídio prossegue.
Durante quanto tempo mais se contentarão os dirigentes do movimento operário internacional com apelos impotentes a um “cessar‐fogo imediato e permanente”?
Quando se decidirão a apelar à mobilização dos trabalhadores de todo o mundo para a greve e o bloqueio a todos os fornecimentos de armas a Israel e à mobilização para romper o bloqueio que está a condenar o povo de Gaza à fome?