“Eleições” europeias: romper o colete de forças da União Europeia

A União Europeia de hoje é o fruto de um longo processo que teve início durante a Segunda Guerra Mundial. No verão de 1944, Jean Monnet, frequentemente referido como “pai fundador da Europa”, ligava, em entrevista à Fortune, o objectivo de uma “entidade europeia que faça dela uma unidade económica comum” ao de “impedir os comunistas de tomarem o poder”.

O Plano Marshall foi lançado em 1947 em resposta às crises revolucionárias declaradas em vários países europeus no final da guerra. Em nome da ajuda à “reconstrução”, dezasseis países aceitaram ficar sob a supervisão dos Estados Unidos no âmbito da Organização Europeia de Cooperação Económica (OECE). Esta geria os fundos atribuídos, sob certas condições: estabilização financeira, aplicação rigorosa dos programas anunciados, obrigação de comprar produtos americanos, etc.

A Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), cujo tratado fundador foi assinado em Washington em 1949 para “garantir a liberdade e a segurança dos seus membros por meios políticos e militares”, aumentou a subordinação de dez países europeus aos Estados Unidos.  Em 1951, para Eisenhower, o primeiro general americano a dirigir as forças armadas da NATO, “nada poderia ser mais agradável do que saber que os Estados da Europa Ocidental decidam (…) funcionar como federação”. Este desejo concretizou-se com a formação da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA), depois Comunidade Económica Europeia (CEE), que se tornou União Europeia (UE) na sequência do Tratado de Maastricht, assinado em Fevereiro de 1992 pelos chefes de Estado dos países membros.

O coração de Maastricht é a criação do “mercado único” e da “moeda única” (o euro).  A partir de então, a estabilidade monetária, garantida pelo Banco Central Europeu, passou a reger tudo. Cada Estado-membro deve respeitar os “critérios de Maastricht”, nomeadamente, limitar o défice orçamental a 3% do PIB e a dívida pública a 60% do PIB. Nas vésperas do lançamento do euro, em 1999, o presidente do Bundesbank (banco central alemão), Hans Tietmeyer, resumiu a função do euro como instrumento de destruição maciça das conquistas dos trabalhadores: “Na zona euro, não haverá esquema de ajustamento financeiro para apoiar os países economicamente mais fracos (…). O ónus do ajustamento (…) passará a recair exclusivamente sobre os custos nacionais do trabalho. Os salários e todas as alavancas relacionadas com os salários terão de arcar com as diferenças de produtividade”. Há mais de trinta anos que vemos os resultados desta situação!

A União Europeia é, assim, um quadro institucional, subordinado ao imperialismo americano e aos seus mercados financeiros. Por isso apelamos à ruptura com estas instituições, a que os povos europeus derrubem as suas burguesias e se unam em Estados Unidos Socialistas da Europa!