Uma guerra entre oligarcas

A 20 de Abril, Biden fez aprovar pelo Congresso americano um projeto de lei que prevê o confisco dos 300 mil milhões de dólares em “activos russos” (bens pertencentes aos oligarcas russos) congelados nos Estados Unidos, na Europa e no Japão.

A lei estipula que esta gigantesca soma de dinheiro será afetada a um “Fundo de Defesa da Ucrânia” gerido… pelos Estados Unidos. O fundo será utilizado para encher as carteiras de encomendas do complexo militar-industrial americano, que nunca teve tantos lucros… Nem os cineastas de Hollywood imaginavam um tal assalto!

O problema é que, dos 300 mil milhões de dólares, apenas 5 mil milhões estão nos Estados Unidos.  Não é suficiente: o Tio Sam quer o bolo todo, não apenas uma pequena fatia.  Duzentos mil milhões de dólares estão nos países da União Europeia. Obedecendo a Biden, os vinte e sete ministros europeus dos Negócios Estrangeiros aprovaram, a 21 de Maio, a requisição de “activos russos” congelados. O objetivo da Comissão Europeia é libertar “dois a três mil milhões de euros por ano”.

Um objetivo que o imperialismo americano considera demasiado tímido. “Apoiamos a decisão da UE de utilizar os lucros inesperados gerados por estes activos, mas devemos também prosseguir os nossos esforços colectivos a favor de opções mais ambiciosas”, declarou a secretária do Tesouro norte-americana, Janet Yellen, na reunião dos sete países imperialistas do G7, em Itália.

Os oligarcas russos reagiram a este bloqueio com todos os meios: requisitaram a filial do grupo italiano Ariston e a do grupo alemão Bosch e ameaçaram processar a União Europeia “durante décadas”. A 23 de maio, Putin ordenou o confisco de bens norte-americanos, em resposta a “acções hostis (…) destinadas a minar a Rússia e o banco central russo”.

É pelos interesses de alguns milhares de oligarcas – americanos ou russos – que as vidas de centenas de milhares de trabalhadores e jovens ucranianos e russos estão a ser sacrificadas nos campos de batalha.